Cidadania digital na escola para combater a desinformação

Data 14 de Janeiro de 2025

Não são poucos os desafios que o advento e popularização da internet, primeiro, e das redes sociais e inteligência artificial (IA), depois, trouxeram, ampliaram ou até modificaram. Questões que vão se apresentando no correr do tempo e, pouco a pouco, conhecidas, são nomeadas, avaliadas e, finalmente, enfrentadas. Caso, por exemplo, da infodemia, fenômeno reconhecido e declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020, caracterizado pelo excesso de informações, algumas precisas e outras não, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando necessário; ou do cyberbullying, que, diferente do bullying, mais circunscrito ao ambiente escolar, ultrapassa fronteiras físicas, tornando difícil para a vítima escapar de ataques virtuais, que envolvem intimidação, humilhação e perseguição. 

É neste cenário que a educação em cidadania digital emerge como uma ferramenta vital para o desenvolvimento de jovens críticos e conscientes, capazes de fazer uso das novas tecnologias a partir de critérios como consciência, responsabilidade, ética e segurança. O assunto, inclusive, já foi tratado pelo ministro da Educação, Camilo Santana. Em uma entrevista à plataforma governamental Canal Gov, ele reconheceu que a inclusão da cidadania digital no currículo escolar, mesmo como disciplina optativa, pode ser importante para o combate à violência e a promoção de um ambiente de aprendizagem seguro e respeitoso. 

Oficialmente, porém, o conceito não é citado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas, a cultura digital é. A BNCC, aliás, reconhece a importância da tecnologia na formação dos alunos, propondo a abordagem em sala de aula de aspectos como o entendimento do mundo digital e o uso ético das novas tecnologias. Uma compreensão que abre caminho para a cidadania digital ser incluída nos planos de ensino, como já fazem escolas como a Lourenço Castanho, em São Paulo, que, sob a direção pedagógica de Fabia Antunes, aplica noções e debates sobre a necessidade de se ter uma postura cidadã também no mundo online. 

“No nosso currículo de letramento digital, as crianças, desde o primeiro ano, têm contato com a cidadania digital, aprendendo que, a partir do momento que fazemos login e entramos no ambiente virtual, somos identificados, somos alguém e, portanto, somos sujeitos que têm direitos, deveres e responsabilidades”, detalha Fabia. “Este é um importante passo quando falamos de crianças que pensam que este é um ambiente onde ninguém vê o que está acontecendo”, frisa. 

Fabia pontua que, na instituição, o letramento digital é trabalhado transversalmente, sendo tratado em diferentes disciplinas e fases de aprendizagem. “Hoje, não existe uma aula de informática, porque essa é uma competência que perpassa todas as outras e precisa ser abordada de maneira distinta com cada faixa etária”, estabelece. Ela cita que, no eixo da cidadania digital, são trabalhadas temáticas como identificação digital, segurança online, ética na internet e nas redes sociais e privacidade. “Tudo isso é ensinado continuamente até o ensino médio, onde alunos participam de debates mais complexos”, salienta, lembrando de aulas em que os estudantes dos anos finais trouxeram à tona a discussão dos direitos autorais, questionando quem referencia uma imagem criada por uma IA”. 

Família 

Apesar dos esforços pedagógicos para que a educação midiática seja efetiva, Fabia Antunes admite que as famílias também precisam se engajar. “No ano passado, um grupo de pais nos procurou e fizemos uma série de ações de formação com eles. Esse tipo de iniciativa é crucial, pois a escola não pode fazer tudo sozinha. Afinal, não somos nós que compramos, para as crianças, celulares — que não estão na nossa lista de material didático”, assevera ela, que reconhece que esses debates nem sempre se dão de uma maneira previsível e sistematizada. 

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